sexta-feira, 14 de março de 2014

NORTE DO PARANÁ - TURISMO

JORNAL DE LONDRINA

Roberto Custódio/JL
Roberto Custódio/JL / Peça encontrada no sítio San Joseph, em Cambé, pertencente aos jesuítas
Peça encontrada no sítio San Joseph, em Cambé, pertencente aos jesuítas

Norte do Paraná pode se transformar em rota para turismo histórico

Presença de sítios arqueológicos pode potencializar o desenvolvimento de um polo de visitação cultural e arqueológico na região de Londrina
26/10/2013 | 00:01Juliana Gonçalves
Vestígios de um passado distante, que estão enterrados no Norte do Paraná, dão à região o potencial para se transformar em um polo de turismo cultural e arqueológico. Estudos feitos nas últimas décadas descobriram ruínas jesuítas de mais de 400 anos, que podem iluminar um passado pouco conhecido e promover a implantação de ações estratégicas na região.
Quem aponta a possibilidade de se criar um circuito que explore os sítios arqueológicos da região é a arqueóloga Cláudia Inês Parellada, do Museu Paranaense. Ela esteve em Londrina nesta semana para dar uma palestra no Museu Histórico sobre a necessidade de se preservar esse patrimônio e mostrou imagens dos principais vestígios documentados até agora no Norte do Paraná.
Redução San Joseph
O Sítio Arqueológico da Fazenda Santa Dalmácia foi descoberto em Cambé no início dos anos 90, mas só há dois anos foi confirmada no local a redução jesuítica de San Joseph – entre 1627 e 1629. Até então, havia informações da passagem de povos ceramistas e caçadores-coletores pela região. Com a descoberta da passagem jesuíta, surgiram novas perspectivas para a história do Norte paranaense, geralmente contada a partir da chegada dos imigrantes na primeira metade do século 20.
De acordo com o diretor do Museu Histórico de Cambé, César Cortez, a área já foi bastante estudada ao longo dos últimos 20 anos, mas para ser amplamente trabalhada pelos pesquisadores, o terreno, que fica em uma propriedade particular, está sendo adquirido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. “O processo é demorado, mas os proprietários da fazenda estão preservando a área.”
“Esses materiais mostram a ocupação humana de mais de 12 mil anos atrás. Aqui na região Norte, tem alguns sítios especialmente importantes, que apontam a ocupação jesuíta do início do século 17”, explica Cláudia. Apesar de haver vestígios em toda a região do Rio Paranapanema, segundo ela, um dos sítios mais importantes está em Cambé, como mostrou reportagem do JL em março deste ano.
Cláudia defende a reserva dessas áreas – existentes também em Ibiporã, Santo Inácio, Itaguajé – para visitação com ações integradas com turismo e educação patrimonial. “Isso ajudaria a repensar a região e conhecer o que houve de transformação aqui. A arqueologia pode ajudar a aliar essas informações com ações educativas”, afirma.
Segundo a pesquisadora, o Norte do Paraná pode se tornar um polo de turismo histórico. “A região tem um potencial diferenciado de outras regiões do Brasil. Tem que ter um olhar sensível dos governantes e envolver a população. Com isso, seria possível até melhorar a qualidade de vida da população nessas áreas.”
Preservação
Para que essas áreas históricas sejam aproximadas da população, é preciso que sejam estudadas e preservadas. “A memória de um povo tem que expressar as diversidades e a forma como ele reverencia o passado. O futuro só consegue ser planejado se tiver um olhar digno sobre o passado”, pondera a arqueóloga.
O desenvolvimento do turismo histórico na região seria uma boa opção nessa tarefa. Londrina tem condições de tomar a frente nisso. “Aqui existe uma área onde as pessoas podem fazer uma viagem no tempo, tão perto de um grande centro como Londrina e com uma grande universidade como a UEL. Pode ser um roteiro de visitação”, avalia.
Grupo de estudo
Dentre os esforços já existentes pela conscientização de preservação do patrimônio arqueológico regional, um grupo de trabalho está sendo criado em parceria entre a Universidade Estadual de Londrina (UEL), o Museu Histórico de Londrina e o Museu Paranaense. “O objetivo é dar um apoio mais concreto e significativo ao trabalho de preservação, porque aqui no Norte do estado temos inúmeros vestígios arqueológicos. É preciso pesquisar e estudar para preservar”, explica a diretora do Museu Histórico de Londrina, Regila Célia Alegro.

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