FOLHA DE LONDRINA
Representantes das multinacionais Alstom e CAF foram a Curitiba conhecer o PMI do projeto que visa ligar Londrina e Maringá
Reunião no Palácio das Araucárias com representantes da CAF e Alstom e de empresas de consultoria serviu para discutir adesão da iniciativa privada e financiamento do governo estadual no projeto
O governo do Paraná realizou ontem em Curitiba uma reunião para apresentar o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) do Trem Pé Vermelho a possíveis investidores. O PMI já está aberto e os interessados têm até 19 de janeiro para formalizar suas participações no processo. O projeto do trem de passageiros ligando as regiões metropolitanas de Londrina e Maringá foi elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para o Ministério dos Transportes.
Segundo o coordenador de Desenvolvimento Governamental da Secretaria do Estado do Planejamento, Jurandir Guatassara Boeira, a reunião atraiu o interesse dos investidores. Entre outros, estiveram no Palácio das Araucárias representantes de duas multinacionais da indústria ferroviária: CAF e Alstom. E também de importantes empresas de consultoria na área de infraestrutura como Royal Haskoning, KPMG e Mind. "Os investidores vieram porque têm interesse em conhecer a nossa proposta", afirma.
O coordenador explica que o PMI é um instrumento pelo qual a iniciativa privada elabora estudos técnicos e de viabilidade econômica para projetos de Parcerias Público-Privadas (PPP). Pelo PMI, as empresas interessadas financiam os estudos, apresentando o modelo de contrato que vai ser adotado na PPP, as garantias que o Poder Público deverá oferecer e os eventuais desembolsos do governo para a viabilização do projeto.
Segundo Boeira, além do financiamento da obra, um dos desafios é "harmonizar" o interesse de três tipos diferentes de usuários. "Há quem queira o trem como transporte urbano dentro das duas regiões metropolitanas. Há quem defenda um trem parador, passando por todas as cidades, e quem queira um trem expresso entre os aeroportos de Londrina e Maringá", declara.
ADESÃO
Pelo projeto da UFSC, a ferrovia deve passar por 13 cidades. São cerca de 150 quilômetros cortando os municípios de Paiçandu, Maringá, Sarandi, Marialva, Mandaguari, Jandaia do Sul, Cambira, Apucarana, Arapongas, Rolândia, Cambé, Londrina e Ibiporã.
O diretor executivo da Agência de Desenvolvimento Terra Roxa, Alexandre Farina, diz que, após a reunião, conversou com vários investidores e que percebeu "interesse real" no projeto. "Nossa expectativa de que eles vão aderir ao PMI é muito boa", afirma. Ele entregou aos participantes material produzido pela agência sobre as potencialidades da região. Farina considera difícil que o projeto seja bancado exclusivamente pelo Poder Público – o orçamento estimado da obra é de R$ 700 milhões. "O momento agora é de buscar parceiros privados", afirma.
PATROCINADOR
Rubião Gomes Torres Júnior, diretor da Mind Estudos e Projetos, viajou do Rio de Janeiro a Curitiba e diz ter gostado do que viu. "O governo se mostrou aberto às propostas da iniciativa privada. Isso é muito importante", elogia. O empresário está de olho na possibilidade de fazer o projeto de engenharia ambiental do Trem Pé Vermelho. Para isso, precisa se aliar a um grande investidor. "Estamos tentando encontrar um patrocinador para levar ao PMI", conta.
De antemão, ele ressalta que o transporte ferroviário de passageiro "não fica em pé" só com a tarifa. "É preciso a participação do governo no financiamento. E a iniciativa privada (além da tarifa) precisa explorar outros empreendimentos que giram em torno do projeto", explica. Uma das possibilidades, de acordo com o empresário, é a exploração comercial nas estações do trem.
Nelson Bortolin
Reportagem Local